Da Minha Janela






















I

Mar alto! Ondas quebradas e vencidas
Num soluçar aflito e murmurando...
Ovo de gaivotas, leve, imaculado,
Como neves nos píncaros nascidas!

II

Sol! Ave a tombar, asas já feridas,
Batendo ainda num arfar pausado...
Ó meu doce poente torturado
Rezo-te em mim, chorando, mãos erguidas!

III

Meu verso de Samain cheio de graça,
Inda não és clarão já és luar
Como branco lilás que se desfaça!

IV

Amor! teu coração trago-o no peito...
Pulsa dentro de mim como este mar
Num beijo eterno, assim, nunca desfeito!...

FLORBELA ESPANCA